O líder conservador Friedrich Merz está a poucos dias de se tornar o décimo chanceler da Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial, depois de ter alcançado um acordo de coligação com os sociais-democratas do rival e chanceler cessante, Olaf Scholz.

Friedrich Merz deverá tomar posse como chanceler na próxima terça-feira, 06 de maio, após uma votação que irá decorrer na câmara baixa do parlamento alemão (Bundestag).

Os analistas apontam que o caminho que o chefe da União Democrata-Cristã (CDU), que venceu coligado com o partido irmão na Baviera (CSU) as eleições do passado mês de fevereiro, tem pela frente é complicado.

Merz, sem ainda ter governado, já tem altos níveis de impopularidade: primeiro por ter cedido à extrema-direita para fazer passar uma lei relacionada com imigração e asilo, depois, por ceder aos sociais-democratas para formar uma coligação que pudesse governar.

De acordo com uma sondagem realizada em abril pelo instituto de investigação Forsa para a revista Stern, apenas 21% dos inquiridos consideravam Merz digno de confiança, menos nove pontos percentuais do que em agosto e menos três do que em janeiro.

O líder da CDU, de 69 anos, que vai suceder a Olaf Scholz, prometeu dar prioridade à unidade e à segurança europeia, face às ameaças da nova administração norte-americana de Donald Trump e a guerra em curso na Ucrânia, após a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022.

"Devemos ser pragmáticos na aquisição de armas. Devemos concordar com o desenvolvimento conjunto de novos projetos e acelerar rapidamente a produção", disse Merz, na terça-feira passada, durante uma intervenção no congresso do Partido Popular Europeu (PPE), em Valência, Espanha.

Internamente, Merz tem de promover ideias como a redução dos impostos sobre as empresas para renovar o modelo económico alemão, propostas que sabe que poderão ser bloqueadas pela ideologia do companheiro de coligação, o Partido Social-Democrata (SPD).

Mas Merz parece querer começar pelas políticas de migração.

Thorsten Fei, o próximo ministro da Chancelaria, revelou que o próximo governo tenciona endurecer a política de migração e rejeitar os requerentes de asilo sem documentos nas fronteiras do país assim que Merz tomar posse.

"Qualquer pessoa que tente entrar ilegalmente na Alemanha deve esperar que a fronteira seja o fim do caminho a partir de 06 de maio", revelou ao grupo Funke Media, acrescentando que o governo vai "alargar e intensificar os controlos de identidade nas fronteiras alemãs a partir do primeiro dia".

Não é claro até que ponto a decisão da Alemanha de manter controlos fronteiriços rigorosos e, potencialmente, recusar os requerentes de asilo na sua fronteira será bem recebida por outros países do bloco e pela Comissão Europeia, que já salientou anteriormente a necessidade de uma abordagem coletiva e unificada da migração.

A CDU/CSU tentará reduzir as despesas com transferências sociais para imigrantes e outros candidatos a emprego, citando estatísticas que mostram que, dos cerca de 2,8 milhões de beneficiários, mais de 1,8 milhões estão aptos a trabalhar numa altura em que há 700 mil vagas na economia.

"Sabemos que temos a obrigação de ter êxito na Alemanha, na Europa e no mundo. Êxito para a economia, a sociedade no nosso país e para o centro democrático", disse Merz em declarações esta semana aos jornalistas.