O ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, afirmou esta quarta-feira, que "não lhe compete comentar" política interna norte-americana, após uma pergunta sobre o plano de Donald Trump para a Faixa de Gaza, que pretende reinstalar palestinianos noutros locais."
"Não me compete comentar a política interna norte-americana. Obviamente que é para mim muito relevante perceber que os EUA são um aliado fundamental da NATO", respondeu Nuno Melo.
O governante defendeu que o Governo tem que assegurar que Portugal cumpre os seus compromissos com a Aliança Atlântica de maior investimento em Defesa "que permitam maior capacitação das Forças Armadas".
"O resto são singularidades da política norte-americana que por estes dias vai sendo, a esse propósito, muito rica e animando noticiários", completou.
BE quer ouvir Nuno Melo no Parlamento
Depois das declarações, o Bloco de Esquerda anunciou que quer ouvir com caráter de urgência o ministro da Defesa por entenderem que “as declarações proferidas sobre o plano de Donald Trump para a Faixa de Gaza são “muito graves”.
“Perante um anúncio de Trump e de Netanyahu de que vão ocupar ilegalmente as terras de Gaza, expulsar o povo palestiniano, o que o senhor ministro da Defesa português tem a dizer é de que não comenta questões de política interna dos Estados Unidos. Não são questões de política interna, são questões de uma gravidade extrema", argumentou Marisa Matias.
A deputada do BE comentava na Assembleia da República as declarações de Nuno Melo, que afirmou que "não lhe compete comentar" política interna norte-americana, após uma pergunta sobre o plano de Donald Trump para a Faixa de Gaza, que pretende reinstalar palestinianos noutros locais.
O governante defendeu que o Governo tem que assegurar que Portugal cumpre os seus compromissos com a Aliança Atlântica de maior investimento em Defesa "que permitam maior capacitação das Forças Armadas".
"O resto são singularidades da política norte-americana que por estes dias vai sendo, a esse propósito, muito rica e animando noticiários", completou.
Na ótica do BE, além da "posição titubeante" do Governo português nesta matéria, esta declaração de Nuno Melo é "de silenciamento e de cumplicidade com o que promete ser uma limpeza étnica".
"É grave dizer que se trata de política interna dos Estados Unidos porque estamos a falar de política internacional. Estamos a falar de um ataque ao direito internacional, desta vez anunciado antes mesmo de acontecer", lamentou.
Marisa Matias rejeitou ainda que estejam em causa "singularidades da política norte americana".
"Estamos a falar das nossas vidas, estamos a falar do nosso futuro, estamos a falar de questões absolutamente essenciais. Não são particularidades. As políticas do Presidente Trump têm impactos diretos nas nossas vidas e, como estamos a ver, muitas das ameaças confirmam-se agora com o programa do Presidente", defendeu.
Livre quer que Governo condene declarações
Também a líder parlamentar do Livre considerou também "muito graves" as declarações "completamente irresponsáveis e desumanas" do presidente norte-americano e que "configuram uma limpeza étnica".
"A posição de Portugal não pode ser encolher os ombros e considerar que são singularidades da política americana. Não, é uma violação dos direitos humanos, é uma violação dos direitos do povo palestiniano e Portugal tem de ser muito claro a condenar estas declarações do Presidente dos Estados Unidos", defendeu, apelando a que "esta posição por parte do Governo português seja rapidamente corrigida".
Isabel Mendes Lopes afirmou também que "isto mostra ainda mais quão importante é Portugal reconhecer o direito à Palestina ser um Estado e a autodeterminação do povo palestiniano".
As polémicas declarações de Donald Trump
O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, disse em conferência de imprensa na terça-feira que quer que os Estados Unidos assumam o controlo da Faixa de Gaza e reconstruam o território, depois de os palestinianos serem reinstalados noutros locais.
Após o encontro com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, Trump não excluiu a possibilidade de enviar tropas norte-americanas para apoiar a reconstrução de Gaza e considera que a participação dos EUA será de "longo prazo".
Com Lusa