O ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Saar, afirmou este domingo que o seu país “apoia totalmente” a iniciativa dos EUA de distribuir ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que não prevê nenhum envolvimento direto de Israel.

“Israel apoia totalmente o plano da administração Trump apresentado na sexta-feira pelo embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee”, disse Saar, numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo alemão, Johann Wadephul.

Em guerra com o Hamas desde o ataque do movimento islamita palestiniano, em 7 de outubro de 2023, Israel bloqueia desde 02 de março, a entrada de toda a ajuda humanitária na Faixa de Gaza, onde é vital para os 2,4 milhões de habitantes.

Durante semanas, as Nações Unidas e as organizações não-governamentais (ONG) de ajuda humanitária no local têm vindo a alertar para a escassez de alimentos, medicamentos e combustível no território palestiniano.

“O Hamas roubou esta ajuda ao povo e lucrou com ela. Usou-a para alimentar a sua máquina de guerra. Usou-a para preservar a sua posição de força, em detrimento da população civil”, acusou Gideon Saar.

“Se a ajuda continuar a ir para o Hamas em vez ser dada ao povo de Gaza, a guerra nunca terminará”, alertou.

Na sexta-feira, o embaixador norte-americano em Israel anunciou uma nova iniciativa que o seu país diz que vai implementar em breve para ajudar os palestinianos.

“Os israelitas estarão envolvidos no fornecimento da segurança militar necessária, uma vez que esta é uma zona de guerra, mas não participarão na distribuição de alimentos, nem mesmo na sua entrega a Gaza”, disse.

A segurança nos pontos de distribuição será assegurada “por prestadores de serviços privados”, enquanto o exército israelita fornecerá segurança “remotamente” para os proteger dos combates em curso, acrescentou o embaixador.

A iniciativa dos EUA “permitirá que a ajuda vá diretamente para a população”, considerou hoje Saar.

O chefe da diplomacia israelita adiantou ainda querer cooperar com “o maior número possível de países e ONG” para implementar o plano norte-americano.

Um relatório baseado num índice que define o estado de fome em Gaza é esperado para segunda-feira.

Entretanto, as autoridades palestinianas divulgaram hoje o novo balanço de mortos em Gaza, referindo que os corpos de pelo menos 19 palestinianos chegaram aos hospitais da Faixa de Gaza no último dia devido aos bombardeamentos israelitas.

De acordo com a contagem diária — até à meia-noite de sábado — do Ministério da Saúde de Gaza, a estas vítimas somam-se 81 feridos durante mais um dia de ataques israelitas.

Entre os 19 mortos, pelo menos 10, incluindo quatro crianças, perderam a vida no sábado à noite devido a ataques israelitas às tendas em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, onde se encontravam milhares de palestinianos deslocados, informou a agência de notícias palestiniana Wafa.

Com estas últimas vítimas, o número total de mortes no enclave palestiniano desde o início da ofensiva israelita subiu para 52.829 (a maioria das quais são mulheres e crianças) e o número de feridos para 119.554.