"Esta manhã consegui enviar mensagens pelo WhatsApp, sem usar VPN" (redes privadas virtuais para desbloquear e internet), disse à agência de notícias Efe um residente no norte de Teerão que trabalha numa cafetaria.
O jovem de 32 anos lamentou que ainda tenha de usar a VPN para aceder ao Instagram e Telegram, que são as aplicações mais populares no Irão.
Na terça-feira, a agência noticiosa oficial iraniana IRNA anunciou que o Conselho Supremo do Ciberespaço iraniano, que gere as questões relativas à Internet e ciberespaço no país, aprovou por unanimidade o levantamento da interdição da aplicação WhatsApp.
"Trata-se de uma primeira etapa do plano que visa levantar as restrições", acrescentou a IRNA.
Tanto o WhatsApp como a plataforma Google Play foram bloqueados durante os protestos que começaram no Irão em setembro de 2022, na sequência da morte da jovem Mahsa Amini, que se encontrava sob custódia policial após ser detida por não usar corretamente o véu islâmico.
Este desbloqueio é um primeiro passo para o cumprimento da promessa do Presidente iraniano, Masud Pezeshkian, de eliminar as restrições à internet.
Um facto destacado pelo ministro iraniano das Comunicações e Tecnologias de Informação, Sattar Hashemi, que escreveu na rede social X que "este caminho continua", apesar da aplicação estar bloqueada no Irão, mas que as autoridades utilizam oficialmente.
Para além do X, também o Instagram, o Telegram e o YouTube continuam bloqueados.
"O acesso ao WhatsApp é um passo importante, mas os iranianos dependem mais do Instagram e do Telegram, especialmente para os negócios", disse à Efe Kian, um empregado de uma casa de câmbios, no centro do Teerão.
Kian explicou que milhares, ou milhões, de iranianos utilizam a plataforma Instagram para promover os seus negócios, serviços e para a venda de diversos artigos.
Apesar das restrições, grande parte dos cidadãos conseguiu aceder às aplicações internacionais através da utilização de VPNs.
"Como primeiro passo, o levantamento do bloqueio em duas aplicações é valioso, mas não resultou em nada de novo. Os desbloqueadores (VPN) continuam a estar nos telefones dos cidadãos, impondo um custo excessivo à subsistência das pessoas", criticou Sakineh Saadat, antigo assistente presidencial para os direitos e liberdades sociais.
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