
A Polícia da República de Moçambique (PRM) disse hoje que prosseguem ações para esclarecer o baleamento de Joel Amaral, um aliado do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane no centro do país, com a investigação em "segredo de justiça".
"Em relação ao ataque ou tentativa de morte do Joel Amaral, na cidade de Quelimane [na província de Zambézia], o processo está na posse dos investigadores e os dados (...) são, naturalmente, segredo de justiça", declarou à comunicação social o porta-voz do comando-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Leonel Muchina.
De acordo com o representante, a polícia tem interesse em esclarecer este atentado, que aconteceu no dia 13, no bairro no bairro Cualane 2.º.
Amaral foi alvejado por um grupo que se deslocava numa viatura todo terreno, quando a vítima seguia numa bicicleta.
"É um cidadão moçambicano e não podemos estar numa situação onde os cidadãos tenham medo de circular porque eventualmente sejam atacados. Isto é compromissos dos gestores de segurança pública que são a polícia, entre outras componentes das forças armadas de defesa e segurança", acrescentou.
O Hospital Central de Quelimane confirmou, na altura, uma lesão no couro cabeludo de Joel Amaral, mas os exames hospitalares apontaram que a bala não alcançou o osso do crânio.
Joel Amaral é um músico, autor de temas que mobilizaram apoiantes de Mondlane nas campanhas eleitorais para as autárquicas (2023) e depois para as presidenciais (2024).
Venâncio Mondlane, que classificou recentemente o baleamento de Amaral como mais um caso de "intolerância política", ameaçou convocar protestos "100 vezes piores" se a "perseguição política" aos seus apoiantes continuar, um dia após um atentado.
Logo após as eleições gerais de 2024, o assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o conhecido advogado Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Cuambe, partido que apoiava a sua candidatura presidencial, foram baleados mortalmente na noite de 18 de outubro, no centro de Maputo, com tiros de metralhadora, num crime que provocou a comoção na sociedade moçambicana e que continua por esclarecer.
Mondlane, que rejeita os resultados das eleições de 09 de outubro, liderou, nos últimos cinco meses, a pior contestação aos resultados eleitorais que o país conheceu desde as primeiras eleições multipartidárias (1994).
Moçambique viveu um clima de forte agitação social, protestos, paralisações e manifestações, com confrontos entre a polícia e os manifestantes que provocaram quase 400 mortes segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, com o Governo moçambicano confirmar pelo menos 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.
Contudo, em 23 de março, Mondlane e Daniel Chapo, Presidente já empossado, encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no país, embora, atualmente, críticas e acusações mútuas continuem nos posicionamentos públicos dos dois políticos.