
O grupo de k-pop NewJeans anunciou no domingo que vai fazer uma pausa em todas as atividades, depois de ter perdido uma batalha judicial contra a discográfica ADOR, que pertence conglomerado sul-coreano HYBE.
Na mais recente reviravolta de uma longa disputa entre as NewJeans e a editora, que acusam de maus-tratos, um tribunal da Coreia do Sul emitiu na sexta-feira uma injunção para impedir as cinco integrantes do grupo de se envolverem em projetos independentes.
O Tribunal Distrital Central de Seul aceitou um pedido da ADOR para manter-se como gestora do grupo e proibir que as suas integrantes participem em atividades comerciais sem o consentimento da editora, informou o tribunal num comunicado citado pela agência Reuters.
Minji, Hanni, Danielle, Haerin e Hyein anunciaram a sua saída da ADOR em novembro. Na altura, revelaram que tinham um novo nome - NJZ - e prometeram lançar uma nova música este mês.
"Esta deverá ser a nossa última atuação durante algum tempo"
Perante a decisão de sexta-feira, as NewJeans terão muitas dificuldades em manter as atividades, mesmo com um nome diferente, sem enfrentar uma possível sanção financeira por incumprimento do contrato.
O certo é que a decisão do tribunal levou o grupo a anunciar uma pausa nas suas atividades. O anúncio foi feito no domingo, durante um concerto em Hong Kong.
Depois de apresentar a sua nova música, Minji, Hanni, Danielle, Haerin e Hyein leram uma carta aos fãs, na qual revelaram que aquela seria a sua última atuação "durante algum tempo", adianta a BBC.
"Esta atuação significa muito para nós e para cada um de vocês que nos dá força só por estarmos aqui (...) É muito difícil para nós dizer isto, mas esta deverá ser a nossa última atuação durante algum tempo. Por respeito à decisão do tribunal, decidimos fazer uma pausa em todas as nossas atividades, por agora. (...) Não foi uma decisão fácil (...) Mas acreditamos que é algo que temos de fazer neste momento",
As NewJeans disseram ainda que esta decisão foi tomada para se protegerem: "E para podermos regressar ainda mais fortes".
"Tivemos de nos manifestar para proteger os valores em que acreditamos, e essa foi uma escolha de que não nos arrependemos de todo (...) Acreditamos seguramente que defender a nossa dignidade, os nossos direitos e tudo aquilo com que nos preocupamos era algo que tínhamos de fazer, e essa crença não vai mudar."
O discurso aconteceu no final de uma atuação de cerca de uma hora para uma plateia de cerca de 11 mil fãs, na Arena AsiaWorld Expo.
A longa disputa entre as NewJeans e a ADOR
O imbróglio entre as NewJeans e editora discográfica começou em agosto de 2024, quando a Hybe, a empresa-mãe da ADOR, terá forçado a saída da mentora do grupo, Min Hee-Jin.
As NewsJeans emitiram um comunicado a exigir o regresso de Min e, quando a Hybe recusou, o grupo veio a público com uma série de acusações contra a editora, incluindo que esta tinha, deliberadamente, prejudicado as suas carreiras.
Uma das integrantes da banca chegou a ir ao Parlamento sul-coreano falar sobre o assédio de que terá sido vítima enquanto trabalhava para a editora. Hanni disse que as cinco artistas da banda eram ignoradas ou olhadas de lado nos corredores da HYBE, onde era cultivado um ambiente ultracompetitivo e de bullying.
Em novembro, o grupo anunciou numa conferência de imprensa a sua saída da ADOR, e alegaram que a Hybe e a ADOR tinham perdido o direito de as representar enquanto artistas.
"A nossa decisão foi tomada após um longo e cuidadoso período de consideração. Não podemos mais permanecer na ADOR, que falha em cumprir o seu dever básico de proteger os seus artistas, e manter o contrato só nos causaria um grave sofrimento mental. Assim, concluímos que devemos deixar a ADOR."
Na sexta-feira passada, o tribunal de Seul decidiu que não havia "provas suficientes de que a ADOR violou o seu dever como parte do contrato" e afirmou mesmo que a editora discográfica "tinha cumprido a maior parte do seu dever, incluindo os pagamentos".