
Volodymyr Zelensky reagiu à pressão de Donald Trump de suspensão da ajuda militar à Ucrânia. O presidente ucraniano garantiu querer conversações para o fim da guerra iniciada há três anos, e avança já com fases para o conseguir.
“Estamos disponíveis para agir rapidamente para terminar com a guerra”, escreveu Zelensky esta terça-feira, 4 de março, numa publicação na rede social X.
O Presidente ucraniano desenha, até, as "fases" dessa negociação. A primeira fase poderia ser “a libertação de prisioneiros” e “tréguas nos céus – proibição de mísseis, drones de longo alcance, bombas sobre infraestruturas energéticas e civis – e tréguas no mar imediatamente, se a Rússia fizer o mesmo”.
Depois, seguem-se as conversas: já debaixo das tréguas, Zelensky sugere seguir “muito rapidamente para todas as outras fases e trabalhar com os EUA para chegar a um forte acordo final”.
Acordo de minerais já e “em qualquer formato”
Além disso, para já, a Ucrânia também diz que “está pronta para assinar em qualquer altura e em qualquer formato o acordo sobre os minerais e matéria securitária”. Este acordo devia ter sido assinado na sexta-feira, mas acabou por não acontecer após o momento de tensão entre os dois presidentes na Casa Branca.
É um entendimento sobre os minerais que Zelensky acredita ser um passo para que tenha “sólidas garantias de segurança” para o pós-guerra.
“Forte liderança Trump”
“Quero reiterar o compromisso da Ucrânia com a paz. Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para sentar-se à mesa das negociações o mais brevemente possível para que uma paz duradoura fique mais próxima”, continuou.
Esta é uma forma de o líder ucraniano referir que a Ucrânia quer a paz e retirar as acusações de belicismo que têm sido feitas pela administração americana (e por Moscovo).
Aliás, Zelensky faz referência a Trump e dá-lhe um papel nesta fase: “Eu e a minha equipa estamos disponíveis para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para alcançar uma paz que perdure”.
Neste tweet, o presidente Zelensky tenta responder às várias acusações feitas por Trump e por JD Vance no desaguisado que teve lugar na Casa Branca na passada sexta-feira.
“Damos muito valor a tudo o que a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a sua soberania e independência. E lembramos de como as coisas mudaram quando o Presidente Trump nos forneceu os Javelins”, os mísseis antitanque que Trump forneceu durante o seu primeiro mandato, permitindo à Ucrânia ter capacidade de defesa aquando do ataque da Rússia, em 2022. “Estamos gratos”, frisou.
Em relação ao encontro na Sala Oval, Zelensky também referiu que “é lamentável que tenha acontecido desta maneira”, uma maneira “que não era a suposta”.
“É tempo de fazer bem as coisas. Gostaríamos que a cooperação e comunicação futuras fossem construtivas”, disse.
Neste tweet, não há referência à Europa, apenas aos Estados Unidos, tendo sido publicado depois de Trump ter decretado a suspensão da ajuda militar à Ucrânia.
A publicação acontece quando esta quinta-feira há um novo Conselho Europeu para discutir a situação da Ucrânia (depois de uma reunião preliminar entre alguns líderes europeus e aliados no passado domingo, em Londres), e quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma “nova era de rearmamento” na região.