O Presidente Emmanuel Macron nomeou esta sexta-feira François Bayrou novo primeiro-ministro de França, após a queda do Governo com a moção de censura e demissão do conservador Michel Barnier.
O centrista de 73 anos ficou "encarregue de formar um governo", segundo um comunicado de imprensa da Presidência.
Fundador e líder do partido centrista Movimento Democrático (MoDem) e figura próxima de Macron, Bayrou foi ministro da Educação e ministro de Estado e da Justiça. Foi ainda candidato nas eleições presidenciais de 2002, 2007 e 2012 e esteve envolvido num caso de alegado desvio de fundos do Parlamento Europeu, tendo sido recentemente ilibado.
O anúncio, que devia ter sido feito na quinta-feira, foi adiado para esta sexta-feira de manhã.
Bayrou foi recebido no Palácio do Eliseu às 08h30 horas locais (07:30 de Lisboa) para uma reunião com o chefe de Estado que durou uma hora e quarenta e cinco minutos, segundo a AFP.
À comunicação social, já depois do anúncio oficial, o novo primeiro-ministro admitiu que que criar estabilidade política no país vai ser uma tarefa longa e difícil.
É esperado que a transferência de poder entre o primeiro-ministro demissionário e o sucessor seja feita nas próximas horas no Hôtel de Matignon, residência oficial do primeiro-ministro francês.
François Bayrou torna-se assim o quarto primeiro-ministro francês em 2024, depois de Elisabeth Borne (até 9 de janeiro), Gabriel Attal (até setembro) e Michel Barnier, que assumiu o cargo após mais de dois meses de negociações na sequência das eleições legislativas antecipadas de julho.
Menos de três meses depois de assumir funções, o executivo de Michel Barnier foi derrubado por uma moção de censura que deixou o país sem orçamento para 2025.
A moção de censura foi apresentada pelo bloco de partidos de esquerda Nova Frente Popular e apoiada pela extrema-direita de Marine Le Pen, União Nacional, após Michel Barnier adotar, sem votação parlamentar, o orçamento da Segurança Social para 2025.
Após a queda do governo, o Presidente francês acusou a extrema-direita e a extrema-esquerda de se unirem numa "frente antirrepublicana": “Eles não querem construir. Não estão a pensar em vocês, nas vossas vidas. Só pensam nas presidenciais, para as precipitar, com cinismo e com desejo de caos.”
Apesar da pressão para se demitir, Emmanuel Macron recusou apresentar a demissão, garantindo que ia ficar na Presidência "até ao fim": “O mandato que me confiaram democraticamente é de cinco anos e irei exercê-lo até ao fim.”