Os Presidentes de França e do Egito e o rei da Jordânia defenderam hoje que a Faixa de Gaza deve ser entregue à Autoridade Palestiniana e pediram um cessar-fogo imediato no território.

"A governação e a manutenção da ordem e da segurança em Gaza, bem como em todos os territórios palestinianos, [devem] ficar exclusivamente sob a autoridade de uma Autoridade Palestiniana reforçada, com forte apoio regional e internacional", afirmaram Emmanuel Macron, Abdel Fattah al-Sissi e Abdallah II, numa declaração conjunta, divulgada no final de uma cimeira tripartida no Cairo.

Os três líderes "apelaram à comunidade internacional para pressionar pelo fim da guerra de Israel contra Gaza, pela restauração do cessar-fogo e pela implementação de todas as suas fases, e pela retoma do fluxo de ajuda humanitária suficiente para travar o agravamento da crise que os habitantes de Gaza enfrentam", segundo a declaração, citada pela agência de notícias oficial da Jordânia, Petra.

Além disso, sublinharam a importância de um "caminho político que conduza ao estabelecimento de um Estado palestiniano independente, com Jerusalém Oriental como capital, bem como à paz e segurança duradouras na região, e ao fim da escalada do conflito".

Por seu lado, Macron destacou a "importância das posições da Jordânia e do Egito no apoio aos direitos palestinianos" e sublinhou "a vontade da França de fazer tudo o que for necessário para restaurar a calma e alcançar uma solução política para a questão palestiniana", segundo a agência jordana.

"O Hamas não deve participar nesta governação", sustentou o Presidente francês, a partir do Palácio Al-Ittihadiya, citado pela agência de notícias EFE, acrescentando que o grupo islamita palestiniano, no poder em Gaza desde 2007, "deve parar de constituir uma ameaça para Israel".

Macron deixou claro o apoio ao plano de reconstrução apresentado pelo Egito e aprovado pela Liga Árabe, um "caminho realista para a reconstrução" da Faixa de Gaza, e que também "deve abrir o caminho para uma nova governação palestiniana no enclave liderado pela Autoridade Palestiniana" quando a guerra terminar.

Ao mesmo tempo, os três líderes pediram que "seja aplicado o acordo de troca de 19 de janeiro, que garante a libertação de todos os reféns e detidos, e garante a segurança para todos", numa referência às pessoas ainda em cativeiro na Faixa de Gaza.

Os dirigentes lembraram também que "a proteção dos civis e do pessoal humanitário, bem como o pleno acesso para a entrega de ajuda, é uma obrigação do Direito Internacional e do Direito Internacional Humanitário, e deve ser respeitada", num momento em que as forças israelitas são acusadas de terem matado 15 elementos das equipas de socorro no sul da Faixa de Gaza.

Da mesma forma, expressaram ainda "a rejeição de qualquer deslocação de palestinianos das suas terras ou a qualquer anexação de território palestiniano" face à proposta do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de expulsar mais de um milhão de palestinianos e converter a Faixa de Gaza numa "Riviera do Médio Oriente".

Em paralelo, o Presidente francês deixou uma nota sobre a Ucrânia, ao referir que para Egito e França "não existe um duplo critério" em relação a este conflito e à Faixa de Gaza.

"Embora tenha havido muitos comentários, temos em comum com a presidência [egípcia] aqui, seja em Gaza ou na Ucrânia, a mesma voz, a da paz, e há uma coisa que une o Egito e a França: não existe duplo padrão", afirmou.

Macron lembrou que a posição que o Egito mantém sobre a invasão russa da Ucrânia é "muito forte" e que os egípcios conhecem a posição que os franceses mantêm sobre o conflito em Gaza.

O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza ruiu em março, após menos de dois meses em vigor, quando Israel retomou a ofensiva militar no enclave, enquanto os mediadores -- Egito, Qatar e Estados Unidos -- procuram uma solução para que entendimento seja restabelecido e a ajuda humanitária entre no território.

A partir do Cairo, Macron organizou igualmente uma teleconferência com o Presidente norte-americano, e os homólogos egípcio e jordano sobre o conflito na Palestina, de acordo com o Eliseu.

A guerra foi desencadeada com um ataque do Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023, no qual morreram 1.200 pessoas, a maioria civis, e 251 foram feitas reféns. ~

A maioria já foi libertada no âmbito de acordos de cessar-fogo, mas, daquele total, 59 pessoas continuam detidas pelo Hamas e o Exército israelita estima que apenas 24 se encontrem vivas.

Mais de 50 mil palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza no âmbito da ofensiva de Israel no enclave palestiniano, segundo as autoridades locais, controladas pelo Hamas, considerado uma organização por vários países, incluindo Estados Unidos e UE.

O conflito deixou a maior parte do território em ruínas e mergulhado numa grave crise humanitária e, no seu auge, desalojou cerca de 90% da população.