Agências bancárias fechadas, estabelecimentos comerciais às escuras, supermercados encerrados, farmácias sem poder vender medicamentos ou ruas sem semáforos é a realidade hoje de uma zona central de Lisboa, depois de falha generalizada de energia.

No Mercado 31 de Janeiro, na zona da Estefânia, o espaço está todo às escuras e Humberto Faria começa a fazer contas ao prejuízo que pode ter se tiver de deitar fora toda a carne que tem guardada nas arcas frigoríficas do talho que gere.

"Estamos a falar de cinco mil ou seis mil euros, seguramente", adiantou, em declarações à Lusa, afirmando desconhecer quando voltará a ter energia elétrica.

Mais abaixo, na rua Almirante Barroso, o supermercado Continente Bom Dia está fechado, luzes apagadas e todos os funcionários a aguardar na rua por mais orientações.

Segundo João Rodrigues, gerente de loja, as mais de 70 lojas do grupo que existem na cidade de Lisboa tiveram indicações para fechar portas.

Relativamente aos produtos de frio, o responsável explicou que para já estão acondicionados, uma vez que a loja tem gerador a gás e isso permite que as arcas frigoríficas se mantenham a funcionar.

Ali perto, João Silva, 19 anos, tenta comprar medicamentos para a asma na Farmácia Mundial, mas depara-se com a impossibilidade não só de a farmacêutica encontrar o medicamento no sistema, mas também de conseguir saber o seu preço ou de emitir fatura.

Perante a necessidade do João, e porque é um cliente conhecido, Maria Garcia acede em dar-lhe os medicamentos sem registar.

Na conversa com a Lusa disse estar preocupada com eventuais assaltos, porque está sem sistema de alarme, mas também com os medicamentos que precisam de frio, uma vez que está sem sistema de refrigeração ou ar condicionado.

Ao lado, o restaurante Zaafran não consegue servir refeições e o proprietário refere que, apesar de os fogões funcionarem a gás, a exaustão funciona a eletricidade e, por isso, não pode cozinhar.

Por outro lado, Bob Daud adiantou que tem receio que, se a eletricidade não voltar em breve, perca o conteúdo das câmaras frigorificas, o que representaria prejuízos avultados.

"Na altura da pandemia, eu costumava brincar que conseguia por 10 pessoas lá dentro, agora imagine o tamanho e a quantidade de coisas que eu tenho lá dentro", apontou.

Na Largo da Estefânia, há dois balcões de instituições bancárias, mas estão ambos fechados, apesar de sem indicações sobre o motivo do encerramento.

A circulação automóvel faz-se com aparente normalidade para um dia de semana, apesar de os semáforos não estarem a funcionar, o que provoca ainda mais filas de trânsito.

Uma falha de eletricidade afetou hoje, a partir das 11:30, várias cidades de norte a sul do país, um problema que se regista também em vários países europeus.