
A administração liderada por Donald Trump encerrou um gabinete que monitoriza e combate a desinformação global por entidades estrangeiras, incluindo os governos da China, Rússia e Irão, defendendo que pretende proteger a liberdade de expressão dos norte-americanos.
O Departamento de Estado, liderado por Marco Rubio, anunciou o encerramento do Centro de Combate à Manipulação e Interferência de Informações Estrangeiras (R/FIMI) para "preservar e proteger a liberdade dos americanos de exercerem a sua liberdade de expressão".
O Global Engagement Centre, como era anteriormente denominado, foi criado em 2016, durante o mandato de Barack Obama (2009-2017), para combater a propaganda terrorista. As suas funções foram posteriormente expandidas para combater a desinformação dos rivais dos EUA, como a Rússia, a China e o Irão.
"A liberdade de expressão e de opinião é a base do que significa ser cidadão americano. Durante séculos, os Estados Unidos serviram de farol de esperança para milhões de pessoas em todo o mundo. Na última década, porém, indivíduos nos Estados Unidos foram caluniados, demitidos, acusados e até presos simplesmente por expressarem as suas opiniões", pode ler-se, na nota de Marco Rubio.
A diplomacia norte-americana acusou ainda a anterior administração, liderada pelo democrata Joe Biden, de gastar "aos contribuintes mais de 50 milhões de dólares por ano (...) para silenciar e censurar ativamente as vozes dos americanos que deveriam servir".
"Isto é antitético aos princípios que deveríamos defender e é inconcebível que isto estivesse a acontecer na América. Isso termina hoje. Sob a administração do Presidente Trump, trabalharemos sempre para proteger os direitos do povo americano, e este é um passo importante para continuar a cumprir este compromisso", destacou ainda.
Governo dos EUA tem plano para cortar 40 mil milhões de dólares no Departamento de Saúde
A administração de Donald Trump também está a planear cortar 40 mil milhões de dólares do orçamento do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, onde já iniciou uma grande reforma, noticiou o Washington Post na quarta-feira.
Os cortes orçamentais propostos, de acordo com aquele diário, que cita um documento orçamental interno, ainda estão numa fase preliminar e terão de ser aprovados pelo Congresso, fazendo parte de uma série de cortes em larga escala na Administração federal norte-americana, iniciados pelo Presidente Donald Trump sob a liderança do bilionário Elon Musk, consultor da Casa Branca.
Os 40 mil milhões de dólares (35,17 mil milhões de euros) em cortes, a serem concretizados, afetarão a parte do orçamento do Departamento de Saúde para o ano fiscal de 2026, que o Congresso é responsável por aprovar. Para o ano fiscal de 2024, o orçamento era de 121 mil milhões de dólares (106,4 mil milhões de euros ao câmbio atual). Essa redução seria, por conseguinte, da ordem de um terço.
O orçamento total do Departamento está estimado em cerca de 1.800 mil milhões de dólares (1.582,8 mil milhões de euros), a maior parte dos quais provém de despesas obrigatórias - em grande parte ligadas aos programas públicos de seguro de saúde Medicare e Medicaid.
Em março, o Governo lançou uma reestruturação maciça do Ministério da Saúde, reduzindo quase um quarto dos seus efetivos.
A redução de postos de trabalho afetou vários serviços e agências sob a tutela do Departamento de Saúde, incluindo os responsáveis pela resposta a epidemias e pela aprovação de novos medicamentos.
A proposta consultada pelo Washington Post propõe ir ainda mais longe, com cortes orçamentais acompanhados de "uma profunda reorganização e reestruturação das agências de saúde e serviços sociais", explica o jornal.
Em particular, a proposta prevê a fusão de vários ramos da agência responsável pela investigação médica (NIH) e a supressão de programas destinados a melhorar o acesso aos cuidados de saúde nas zonas rurais.
Trump planeia acabar com programa de declarações fiscais gratuito
O Governo Trump planeia terminar com o sistema eletrónico gratuito para apresentar declarações fiscais diretamente à autoridade fiscal dos Estados Unidos, revelaram à agência Associated Press (AP) duas fontes ligadas ao processo.
O programa Direct File, da autoridade fiscal dos Estados Unidos (IRS, Internal Revenue Service), desenvolvido durante a presidência de Joe Biden foi reconhecido pelos utilizadores por tornar a declaração de impostos fácil, rápida e económica.
Mas os legisladores republicanos e as empresas comerciais de preparação de impostos queixaram-se de que isto era um desperdício de dinheiro dos contribuintes porque já existem programas de declaração gratuitos, embora sejam difíceis de utilizar.
O programa estava em dúvida desde o início da administração Trump, enquanto Elon Musk e o Departamento de Eficiência Governamental se 'instalavam' no governo federal. Musk publicou em fevereiro no seu site de redes sociais, X, que tinha "apagado" a 18F, uma agência governamental que trabalhava em projetos tecnológicos como o Direct File.
Havia alguma esperança de que Musk, com a sua equipa DOGE de experientes programadores de computadores, pudesse assumir o Direct File e melhorá-lo. Mas duas fontes familiarizadas com a decisão de encerrar o Direct File disseram à AP sob condição de anonimato que o seu futuro ficou claro quando a equipa do IRS atribuída ao programa foi informada, em meados de março, para parar de trabalhar no seu desenvolvimento para a época de declaração de impostos de 2026.
O Direct File foi lançado como um programa piloto em 2024, depois de o IRS ter sido encarregado de investigar como criar um sistema de "arquivo direto" como parte do dinheiro que recebeu da Lei de Redução da Inflação sancionada por Biden em 2022. O governo democrata gastou dezenas de milhões de dólares a desenvolver o programa.
Em maio passado, a agência tinha anunciado que o programa se tornaria permanente. Mas o IRS enfrentou uma intensa reação ao Direct File por parte de empresas privadas de preparação de impostos que ganharam milhares de milhões a cobrar às pessoas para utilizarem o seu software e gastaram milhões a fazer lobby no Congresso.
O norte-americano gasta em média normalmente cerca de 140 dólares por ano a preparar declarações fiscais. O IRS aceitou 140.803 declarações apresentadas pelos contribuintes através do Direct File nos 12 estados onde esteve disponível na última época fiscal.
Este ano, o programa foi alargado para incluir metade do país. Não é claro quantos contribuintes usaram o Direct File este ano.
A senadora Elizabeth Warren, democrata do Massachusetts, defensora da criação do Direct File, apontou, em comunicado, que Trump e Musk "estão a atacar o Direct File porque impede que gigantescas empresas de preparação de impostos extorquem os contribuintes por serviços que deveriam ser gratuitos".
Com Lusa