O partido alemão de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) organizou na segunda-feira uma manifestação em Magdeburgo, para homenagear as vítimas do ataque que reacendeu o debate sobre segurança e imigração no país.
Ao mesmo tempo, o movimento "Gib Hass keine Chance" ("Não dês hipótese ao ódio") reuniu-se nas proximidades, no local onde o ataque fez cinco mortos, incluindo um rapaz de 9 anos, e mais de 200 feridos, nesta cidade situada perto de Berlim.
"O terror chegou à nossa cidade", declarou Jan Wenzel Schmidt, líder da AfD no Estado da Saxónia-Anhalt, perante várias centenas de pessoas. Schmidt condenou o "monstruoso fracasso político" que levou ao ataque, cujo suspeito era um refugiado saudita – só que era também simpatizante da AfD e islamofóbico.
"Temos de fechar as fronteiras (...), já não podemos acolher loucos de todos os países", acrescentou, perante os apoiantes do partido anti-imigração.
A copresidente do partido, Alice Weidel, pediu "mudança para que seja possível finalmente voltar a viver em segurança", enquanto a multidão gritava "despejo, despejo, despejo!"
Este partido, hostil aos migrantes, antissistema e pró-Rússia, conta com cerca de 20% das intenções de voto nas sondagens para as eleições legislativas antecipadas, marcadas para fevereiro, atrás dos conservadores (32%) e à frente do partido de centro-esquerda de Olaf Scholz (15%). Mas nenhum partido quer cooperar com a AfD.
Já a iniciativa anti-AfD frisou que "observa com medo e raiva que as pessoas explorarem este ato cruel para a sua política" e apelou à "tolerância e humanidade". Sob pressão, o Governo de Olaf Scholz prometeu no domingo uma investigação rápida e completa para esclarecer possíveis erros das autoridades na prevenção do ataque.
Na sexta-feira, um homem, depois identificado como Taleb A., atropelou transeuntes no mercado de Natal daquela cidade do leste da Alemanha.
A viver na Alemanha desde 2006, este médico saudita tinha o estatuto de refugiado.
O Gabinete Federal Alemão para a Migração e Refugiados (BAMF) confirmou posteriormente que tinha recebido um alerta sobre o suspeito em 2023 e a ministra do Interior, Nacy Faeser, revelou que o indivíduo era islamofóbico, afastando suspeitas de um ataque com motivações religiosas islâmicas, ainda que as razões permaneçam por apurar.
A Arábia Saudita pediu a Berlim a extradição do saudita Taleb Jawad al-Abdulmohsen, de 50 anos, depois de ter avisado várias vezes que "poderia ser perigoso", revelou hoje uma fonte próxima do Governo à agência France-Presse (AFP), em Riade.
Nas suas numerosas publicações nas redes sociais, expressou opiniões hostis ao Islão, a sua raiva contra as autoridades de imigração alemãs e o seu apoio às histórias de conspiração da extrema-direita sobre a "islamização" da Europa.
Outros elementos sobre este homem de perfil atípico foram divulgados hoje em vários meios de comunicação social: segundo o jornal local "Mitteldeutsche Zeitung", os seus colegas duvidaram das suas capacidades e apelidaram-no de "Doutor Google", porque consultava regularmente a Internet antes de fazer um diagnóstico; O diário Die Welt disse que tinha sido tratado por perturbações mentais.
A Associação Alemã de Polícia Criminal (BDK) alertou hoje contra "acusações prematuras ou mesmo a exploração política dos acontecimentos", especialmente numa altura em que o estado de algumas vítimas continua a ser muito grave.
DMC (PMC) // RBF
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