
Quase 19 milhões de romenos são chamados hoje a repetir a votação nas eleições presidenciais, depois da anulação da primeira volta realizada em novembro por alegada interferência russa, com o candidato da extrema-direita a liderar as sondagens.
À eleição de hoje concorrem 11 candidatos, sendo George Simion, líder do partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos (AUR, segunda maior força no parlamento), apontado pelas sondagens como o favorito à vitória, com cerca de 30% das intenções de voto.
No cenário provável de nenhum candidato ser eleito diretamente hoje, com mais de 50% dos votos, Simion poderá passar à segunda volta, marcada para 18 de maio, mas está em aberto quem poderá ser o seu rival.
Três concorrentes disputam o segundo lugar: Crin Antonescu, apoiado pela coligação governamental; Nicusor Dan, presidente da câmara de Bucareste, que concorre como independente com o apoio dos liberais (terceira maior força), e o antigo primeiro-ministro Victor Ponta, que se demitiu em 2015 após protestos contra a corrupção.
A diáspora romena, cujas centenas de milhares de eleitores se inclinam claramente para Simion, começou a votar na sexta-feira, e dados divulgados no sábado revelaram que mais de 300 mil já tinham votado, um número duas vezes superior ao das eleições canceladas de novembro.
A eleição de hoje ocorre após o Tribunal Constitucional ter anulado, numa decisão inédita, a primeira volta realizada em 24 de novembro, por considerar que foi manipulada devido a interferência russa.
Na altura, o candidato populista Calin Georgescu, até então praticamente desconhecido, venceu com 23% dos votos, quando as sondagens não lhe davam mais que 5%.
As autoridades detetaram uma campanha maciça a favor deste candidato nas redes sociais, em particular no TikTok, que desencadeou uma averiguação da Comissão Europeia à plataforma chinesa por suspeita de violar a integridade das eleições romenas.
Acusado pela justiça por seis crimes, incluindo atos inconstitucionais e falsas declarações financeiras, Georgescu foi afastado da corrida presidencial.
A votação decorre entre as 07:00 e as 21:00 locais (menos duas horas em Lisboa), mas pode prolongar-se até às 23:59 de hoje, para os cidadãos que estejam na fila para votar à hora de fecho das urnas.
A União Europeia (UE) está a acompanhar esta repetição das eleições com particular atenção, dada a possível vitória de Simion, um eurocético e admirador declarado do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se considera o "herdeiro político" de Georgescu.
A Roménia, membro da UE e da NATO, localizada no flanco sudeste da Aliança Atlântica na Europa, na fronteira com a Ucrânia, desempenha um papel estratégico importante para a estabilidade regional.
A presidência romena tem amplos poderes na defesa e na política externa, pelo que o chefe de Estado tem um grande peso político -- é ele que representa o país no Conselho Europeu, por exemplo -, mesmo que o Governo seja constituído por outros partidos.
A campanha eleitoral foi dominada, tal como em novembro passado, por uma forte atividade nas redes sociais, com milhões de visualizações de vídeos a favor e contra os candidatos.
A Roménia, cuja economia crescerá apenas 1,2% este ano, teve o maior défice orçamental da UE no ano passado, de 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB), o que obrigará o Governo, composto por sociais-democratas, conservadores e a minoria húngara, a aplicar em breve medidas de austeridade e a aumentar alguns impostos.
O país está marcado por desigualdades entre grupos sociais e as diferentes regiões.