Elon Musk, o homem mais rico do mundo, já tinha apoiado o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) numa publicação na sua rede social X e, recentemente, voltou a fazê-lo num artigo de opinião publicado num jornal alemão. Este apoio gerou muitas críticas entre o Partido Social-Democrata (SPD, de centro-esquerda), ao qual pertence o chanceler Olaf Scholz, e também entre a União Democrata-Cristã (CDU, de centro-direita), o maior partido da oposição.

O episódio ganha especial importância não só porque faltam cerca de dois meses para as legislativas, que se realizam a 23 de fevereiro, mas também porque a política alemã encontra-se numa situação delicada. A coligação que estava no poder — a chamada ‘coligação semáforo’ que reunia o SPD (cor vermelha), os Verdes e os Liberais (amarelo) — caiu em novembro, e existe agora o risco de a extrema-direita conseguir bons resultados no sufrágio que se avizinha.

“É difícil perceber qual vai ser exatamente a influência real de Musk nas urnas, não sabemos até que ponto tem influência no eleitorado. Mas ao apoiar a Alternativa para a Alemanha criou uma grande celeuma, porque não só foi visto como uma interferência nos assuntos internos da Alemanha, como apoiou um partido extremista”, começa por dizer Madalena Meyer Resende, professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais.

Segundo as sondagens nacionais mais recentes, o partido que segue à frente das intenções de voto é a CDU, com 30%, depois segue-se a Afd (19%) e, em terceiro lugar, surge o SPD (17%). “Por enquanto não se vê propriamente um aumento significativo [das intenções de voto na Alternativa para a Alemanha], mas não sabemos o que se passará até dia 23 de fevereiro”, diz a convidada, acrescentando que, de uma forma geral, “a extrema-direita na Europa vai receber apoio de Donald Trump e dos seus aliados”.

Por outro lado, o mau-estar que o magnata multimilionário criou em Berlim “não deixa de ser um sinal de como os partidos centristas estão alarmados com esta conjuntura. Veem-se ameaçados por um partido de extrema-direita, com tons neonazis e com uma política interna e externa extremamente preocupante, ao mesmo tempo que tem o apoio do maior aliado da Alemanha, que é obviamente os Estados Unidos”, diz ainda Madalena Meyer Resende.

Este episódio foi conduzido pela jornalista Mara Tribuna e contou com a sonoplastia de João Martins. O Mundo a Seus Pés é o podcast semanal da editoria Internacional do Expresso. A condução do debate é rotativa entre os jornalistas Ana França, Hélder Gomes, Mara Tribuna e Pedro Cordeiro. Subscreva e ouça mais episódios.

Para os ouvintes interessados: no próximo dia 10 de janeiro realiza-se o festival de podcasts do Expresso, o Podfest. A iniciativa começa às 14h30 e decorre na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, onde vão poder assistir ao vivo a alguns dos podcasts do jornal. Podem garantir já o vosso lugar, enviando um email com o nome e contacto para eventos@impresa.pt