O episódio aconteceu há quase cinco décadas. Um ajuste de contas entre pesos pesados da literatura – o peruano Mario Vargas Llosa e o colombiano Gabriel García Márquez. Os dois escritores do “boom” do romance latino-americano - que viriam a ser vencedores de prémios Nobel - tiveram um arrufo público que passou mesmo para a violência física.
A história é recordada, em declarações à agência France-Presse, pela escritora mexicana Elena Poniatowska, que testemunhou o que se passou.
Tudo aconteceu no dia 12 de fevereiro de 1976, na Cidade do México, num evento para a estreia do filme “Odisea de los Andes”, um documentário sobre os sobreviventes de um acidente de avião nas montanhas do Chile.
“Por acaso, eu estava ao lado de Gabriel García Márquez. Sorri u e ia cumprimentá-lo, mas Vargas Llosa deu-lhe um murro na cara” , conta Elena Poniatowska .
O motivo? Ao que parece, o colombiano não terá gostado que o peruano se aproximasse demasiado da sua mulher.
“É por aquilo que fizeste à Patricia ”, terá gritado Vargas Llosa, segundo a imprensa mexicana da época.
Um "pacto de silêncio"
"Nunca soube a razão, nem quis saber. Não é esse o meu papel", disse Elena Poniatowska.
Resultado do murro de Vargas Llosa, o autor de “Cem Anos de Solidão” ficou com um hematoma no olho esquerdo e um arranhão no nariz.
Elena Poniatowska lembra que foi a correr comprar um pedaço de carne para tratar o olho negro de García Márquez.
"Havia um vendedor de hambúrgueres por perto. Ele tinha-lhe batido no olho e na bochecha, por isso comprei um”
Na altura, García Márquez tinha 48 anos e Mario Vargas Llosa tinha 39. Vargas Llosa, que morreu este último domingo, aos 89 anos, revelou, após a morte de García Márquez, em 2014, que os dois escritores tinham feito um“pacto de silêncio” para nunca mais voltarem a tocar no assunto.