Dirigentes da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (AEFEUP) terão feito fotografias e vídeos de alunas da instituição para os partilhar, sem o seu consentimento, num grupo de Whatsapp. As denúncias foram tornadas públicas numa publicação da ativista Inês Marinho, da Associação “Não Partilhes”, que pretende prevenir a partilha de conteúdos sem consentimento.

Neste post, Marinho referiu que “várias raparigas foram fotografadas debaixo das mesas e, sucessivamente, por debaixo das saias”, acrescentando ainda que esta prática se prolongaria na AEFEUP desde 2017, levada a cabo por parte de membros de direções anteriores.

Quinta-feira à noite, num comunicado, a direção associativa anunciou que “os referidos elementos da AEFEUP foram afastados dos seus respetivos cargos executivos, com efeitos imediatos e efetivos”. “A AEFEUP condena veementemente todo e qualquer tipo de comportamento imoral e ilegal e reforça o compromisso com o apuramento dos factos”, afirmam.

A organização estudantil anunciou a convocatória de uma assembleia geral para a próxima quarta-feira, para debater o caso. Um membro da AEFEUP negou ao “Jornal de Notícias” que as captações tenham ocorrido como Inês Marinho descreveu no vídeo e a mesma fonte remeteu esclarecimentos para mais tarde sobre a situação ocorrida na gala da associação de estudantes. "O assunto está a ser acompanhado com seriedade e quaisquer esclarecimentos devem ser remetidos para a Assembleia Geral da AEFEUP, agendada para o início da próxima semana", afirmou.

Contactada pelo Expresso, fonte da AEFEUP confirmou que a direção da mesma – que está prestes a deixar o cargo, realizando-se eleições habitualmente em maio – não tem mais comentários a fazer.

Ministro diz que abusos podem chegar aos tribunais

Em declarações aos jornalistas, captadas pela SIC Notícias, o ministro da Educação disse desconhecer o caso, mas, em abstrato, referiu que eventuais abusos devem dar origem a processos disciplinares e mesmo judiciais.

A violência na internet “é um problema das nossas sociedades, da forma como nós vivemos e como as redes sociais foram e são usadas”, frisou, pelo que há mesmo um grupo de trabalho para tratar o tema do cyberbullying.

A Federação Académica do Porto (FAP), também ouvida pela SIC Notícias, pede "tolerância zero" em relação ao caso, que alegadamente chegou ao conhecimento público após uma gala de aniversário da associação de estudantes. Francisco Porto Fernandes, presidente da FAP, que agrega as várias associações da academia, insiste que a situação não pode ser tratada de forma "leviana".

Em comunicado, a direção da FEUP garante estar “a acompanhar, de forma atenta e rigorosa, o evoluir da situação”, bem como a recolher e analisar “todas as informações relevantes, de forma a apurar, com rigor, os factos em causa e os eventuais responsáveis”. “A Direção da FEUP está a tomar todas as medidas adequadas, interna, e externamente junto das entidades competentes, tal como resulta da lei e dos regulamentos internos aplicáveis na Universidade do Porto”, pode ainda ler-se.

Notícia atualizada às 15h30