As palavras de al-Sissi constituem uma rejeição inequívoca à proposta do homólogo norte-americano, Donald Trump, de transferir habitantes de Gaza para a Jordânia e o Egito.
"Nunca poderá haver qualquer compromisso sobre os princípios fundamentais da posição histórica do Egito na causa palestiniana", disse o Presidente egípcio numa conferência de imprensa no Cairo, ladeado pelo homólogo queniano William Ruto.
O líder egípcio disse que os princípios intangíveis do seu país incluem "o estabelecimento de um Estado palestiniano e a preservação dos seus componentes essenciais, particularmente o seu povo e o seu território".
Al-Sissi acrescentou que o Egito está "determinado" a trabalhar com Trump na procura de uma paz "com base na solução de dois Estados", Israel e Palestina.
"Acreditamos que o Presidente Trump é capaz de alcançar este tão esperado objetivo de estabelecer uma paz justa e duradoura no Médio Oriente," salientou.
O presidente norte-americano apresentou no sábado a ideia de enviar os habitantes da Faixa de Gaza para a Jordânia e o Egito para, segundo ele, "limpar" o território palestiniano.
Sábado, Trump comparou a Faixa de Gaza a um "local de demolição" e disse ter falado com o rei Abdullah II da Jordânia sobre a situação, acrescentando que faria o mesmo no domingo com o Presidente egípcio.
O Egito desmentiu terça-feira, no entanto, notícias de media norte-americanos sobre uma conversa telefónica acerca de Gaza, algo a que, hoje, al-Sissi não se referiu.
Aplaudida por membros de extrema-direita do Governo israelita, a sugestão de Trump foi rejeitada por Egito, Jordânia, Autoridade Palestiniana, Liga Árabe e ONU, bem como pelos grupos palestinianos radicais Hamas e Jihad Islâmica.
O Irão também rejeitou a proposta, referindo que os palestinianos não podem ser expulsos da Palestina, e sugeriu ironicamente a expulsão dos israelitas para a Gronelândia, numa alusão às exigências territoriais feitas por Trump relativamente ao território autónomo dinamarquês.
Quinze meses de guerra entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza provocaram mais de 47.000 mortos e um elevado nível de destruição de infraestruturas no território controlado pelo grupo extremista palestiniano desde 2007.
A ofensiva israelita foi desencadeada por um ataque do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e o rapto de 250 pessoas que foram levadas como reféns para a Faixa de Gaza.
Os combates cessaram em 19 de janeiro, véspera da posse de Trump como Presidente dos Estados Unidos, no âmbito de um acordo de cessar-fogo negociado por vários mediadores, incluindo o Qatar e o Egito.
Desde que entrou em vigor, a trégua permitiu a troca de sete reféns israelitas por centenas de prisioneiros palestinianos.
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