A circulação de comboios está parada em todo o país, segundo a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), que aponta uma adesão de 100% devido à greve de trabalhadores da CP convocada por vários sindicatos.

"A circulação ferroviária está suprimida em todo o país. Portanto, isto revela que há uma adesão praticamente total dos trabalhadores desde a meia-noite", disse à Lusa José Manuel Oliveira, da FECTRANS, sublinhando que, apesar do trabalho feito entre administração e sindicatos, "a CP está a funcionar com menos trabalhadores do que é necessário".

O sindicalista explica que "há um trabalho feito que mereceu o acordo da administração e de todos os sindicatos" e que, depois, na fase de concretização, se levantaram "alguns problemas relativamente aos custos poderem ser suportados pelo orçamento da CP".

"Fizemos algum esforço no sentido de aceitar algumas alterações que permitiam que a implementação dessas medidas fossem suportadas pelo orçamento da CP e não se tivesse que recorrer ao Orçamento do Estado, e chegámos a um acordo no dia 24 de abril", explicou o responsável, lamentando que, dias depois, o presidente da CP tenha vindo informar que não podia concretizar o acordo "porque o Governo não dava o aval".

E acrescentou: "A questão central é que o Governo deu todo o apoio à CP para ir fazendo estas propostas e, das duas uma: ou estava de má fé, ou então o respetivo ministro nem sequer sabia que estava em gestão e que não podia dar essa autorização".

"O que nós entendemos é que, a discussão de que estão em gestão e que não podem acabou por cair por terra, quando o próprio ministro, depois de uma primeira reunião com o secretário de Estado e dizer que não podem, vir dizer que afinal, olharam para a lei e [perceberam que] a lei tem um alçapão e até podem dar a autorização da aplicação de uma parte do acordo", afirmou o sindicalista, acrescentando que o que está em cima da mesa é dar uma garantia aos trabalhadores de que, "quando o Governo sair, continuam a ter direito às outras partes do acordo, que têm implementações ao longo deste ano".

A paralisação, que se prolonga até 14 de maio, terá um especial impacto nos dias de hoje e quinta-feira, devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.

A greve entre hoje e quinta-feira foi convocada pela Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), a Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), o Sindicato Nacional dos Transportes Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), o Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), o Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia (SINDEFER), o Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários das Infraestruturas e Afins (SINFA), o Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Transportes e Indústria (SINTTI), o Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), o Sindical Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), o Sindicato dos Transportes Ferroviários (STF) e o Sindicato dos Trabalhadores do Metro e Ferroviários (STMEFE).

A esta paralisação junta-se, hoje e quinta-feira, a que foi convocada pelo Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) e, entre 07 e 14 de maio, a convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

Por decisão do Tribunal Arbitral, as greves não têm serviços mínimos.

Deverão, no entanto, ser assegurados os serviços necessários à segurança e manutenção do equipamento e das instalações, os serviços de emergência, os comboios de socorro e todas as composições que tenham iniciado a sua marcha deverão ser conduzidas ao seu destino.

Contactada pela Lusa, fonte da CP confirmou que não há qualquer comboio a circular, uma informação que a empresa deverá atualizar a meio da manhã.