De acordo com o porta-voz da direção provincial da Educação de Cabo Delgado, Rachide Sualé, a situação afeta mais de 108 mil alunos e 1.280 professores, em oito distritos, sendo Mecúfi, Chiúre, Namuno e Metuge os mais prejudicados, a poucas semanas do início do ano escolar de 2025.

"Temos três serviços distritais de Educação, Juventude e Tecnologia afetados de forma severa, temos 337 escolas e um total de 1.419 salas destruídas (...), 166 blocos administrativos nestas escolas e 512 sanitários destruídos e também aqui houve estragos de casas de professores, em número de 92 casas", acrescentou o porta-voz, num balanço.

O ciclone tropical intenso Chido, de nível 3 (numa escala de 1 a 5), atingiu a zona costeira do norte de Moçambique na madrugada de 14 de dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, continuando, nos dias seguintes, a fustigar as províncias no norte de Moçambique com "chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas, acompanhada de trovoadas e ventos com rajadas muito fortes", segundo informação anterior do Centro Nacional Operativo de Emergência.

Dados atualizados recentemente pelas autoridades moçambicanas adiantam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique.

Segundo Rachide Sualé, a direção provincial da Educação de Cabo Delgado está a trabalhar com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para mitigar o impacto do ciclone nos oito distritos e tentar melhorar o desempenho dos alunos no próximo ano letivo.

"Temos a Unicef que já entregou chapas, pregos e barrotes para três distritos, nomeadamente Mecúfi, Chiúre e Metuge, para erguer salas de forma rápida, que nós chamamos de espaços temporários para acolher crianças que estarão nas escolas após o 31 de janeiro" disse Sualé, acrescentando que a construção dos espaços arranca na próxima semana.

"Temos em Chiúre 72 espaços temporários, para Metuge serão construídos 17 espaços temporários e para Mecúfi teremos 16 espaços temporários" concluiu.

O ciclone afetou 687.630 pessoas, o correspondente a 138.037 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte, e Tete e Sofala, no centro, segundo o último balanço do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres de Moçambique.

Do total de óbitos confirmados, 110 registaram-se em Cabo Delgado, sete em Nampula e três em Niassa.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

 

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