O índice de preços no consumidor (IPC), o principal indicador da inflação na China, caiu 0,1% em março, em termos homólogos, marcando o segundo mês consecutivo em queda, após ter caído 0,7% em fevereiro.

O indicador, divulgado esta quinta-feira pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE) do país asiático, está abaixo das previsões dos analistas, que esperavam um ligeiro aumento de 0,1%, e agrava os riscos deflacionários na segunda maior economia do mundo.

O risco de deflação na economia chinesa agravou-se no último ano, suscitado por uma profunda crise imobiliária, que afetou o investimento e o consumo.

Mas a queda dos preços em fevereiro foi a primeira contração em treze meses, influenciada também pela base de comparação: em 2024, o Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, calhou integralmente em fevereiro, mas este ano a série de feriados calhou no final de janeiro e prolongou-se pelo mês seguinte.

O que é a deflação?

A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo doméstico e investimento e é particularmente perigoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.

Numa base mensal, os preços em março caíram 0,4%, um declínio mais acentuado do que o previsto pelos especialistas, que esperavam uma queda de 0,2% em relação ao mês anterior.

Dong Lijuan, estatístico do GNE, atribuiu a evolução dos preços à "sazonalidade e a fatores externos" e acrescentou que o facto de os preços terem caído a um ritmo mais lento do que em fevereiro está relacionado com "políticas de aumento da procura".

Incentivos ao consumo

Dong salientou ainda que os efeitos dos planos de "renovação" levados a cabo pelas autoridades e empresas para estimular o consumo estão "a aparecer gradualmente". Ao abrigo daquele programa, as autoridades estão a subsidiar a troca de dispositivos eletrónicos antigos por modelos novos.

"A estrutura da oferta e da procura melhorou e os preços mostraram algumas mudanças positivas", disse Dong.

O especialista sublinhou que a inflação subjacente - uma medida que elimina o efeito dos preços dos alimentos e da energia devido à sua volatilidade - subiu 0,5%, em termos homólogos, a um ritmo mais rápido do que o registado em fevereiro, quando avançou 0,1%.

O índice de preços no produtor (PPI), que mede os preços industriais, registou uma descida homóloga de 2,5%, no terceiro mês do ano, uma queda mais acentuada do que a registada em fevereiro, de 2,2%, informou o GNE.