"Do lado da Comissão Europeia, a nossa primeira avaliação é que precisamos de ser um pouco cautelosos na nossa resposta orçamental. Tivemos a pandemia de covid-19, tivemos uma crise energética relacionada com a agressão da Rússia na Ucrânia, enfrentamos sérios desafios de segurança e temos um défice e uma dívida elevados", disse o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis.

Em conferência de imprensa após o primeiro dia da reunião informal dos ministros das Finanças da UE marcado pelas tensões comerciais das novas políticas protecionistas norte-americanas, em Varsóvia pela presidência polaca do Conselho, Valdis Dombrovskis reforçou: "Temos de ter em mente estas considerações de sustentabilidade orçamental".

O comissário europeu da tutela respondia a uma questão sobre se o executivo comunitário planeava avançar com apoios aos setores mais afetados da UE, aliviar as apertadas regras para ajudas estatais ou com outras medidas, depois de países como Portugal e Espanha já terem apresentado respostas.

Na quinta-feira, o Governo anunciou um pacote de medidas com um volume superior a 10 mil milhões de euros para o apoio rápido às empresas exportadoras, que incluem linhas de crédito, seguros de crédito e a expansão de apoios à internacionalização.

Hoje, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, apontou que este pacote para apoiar as empresas exportadoras portuguesas - com empréstimos, linhas de seguros e fundos europeus - face às tarifas anunciadas pelos Estados Unidos estará em vigor dentro de algumas semanas, após "diálogo com a Comissão Europeia".

O programa irá abranger empresas exportadoras com base em Portugal.

Valdis Dombrovskis não aludiu especificamente ao pacote português, mas indicou que o executivo comunitário está, de momento, "a concentrar-se na macroeconomia, no impacto das tarifas no crescimento atual, no impacto da inflação, na volatilidade dos mercados financeiros".

"Não tivemos discussões aprofundadas sobre setores específicos, embora algumas das medidas de apoio dos Estados-membros que foram anunciadas tenham sido mencionadas" na reunião do Ecofin, adiantou.

Os ministros das Finanças da zona euro discutiram hoje o impacto económico das novas tarifas aduaneiras dos Estados Unidos, num contexto de alívio após o anúncio norte-americano de suspensão temporária, pausa também adotada pelo bloco comunitário.

Cálculos hoje publicados pela Comissão Europeia dão conta de que os novos direitos aduaneiros norte-americanos implicam perdas de 0,8% a 1,4% no Produto Interno Bruto (PIB) até 2027, sendo esta percentagem de 0,2% do PIB no caso da UE.

No pior cenário, isto é, se os direitos aduaneiros forem permanentes ou se houver outras contramedidas, as consequências económicas serão mais negativas, de até 3,1% a 3,3% para os Estados Unidos e de 0,5% a 0,6% para a UE.

Em termos globais, o executivo comunitário estima uma perda de 1,2% no PIB mundial e uma queda de 7,7% no comércio mundial em três anos.

Ainda hoje, em declarações à Lusa, a comissária europeia para a União da Poupança e dos Investimentos, Maria Luís Albuquerque, salientou que esta iniciativa "torna a Europa mais capacitada para resistir a choques externos e turbulências do mercado ao mesmo tempo que contribui para a inovação e o crescimento económico", ao mesmo tempo que "cria as condições para o aumento da rentabilidade das poupanças dos cidadãos da Europa".

ANE // MSF

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