Um ataque aéreo do exército de Myanmar (antiga Birmânia) contra um centro de detenção temporário causou a morte de 28 crianças e mulheres e feriu outras 25 no estado de Rakhine, no oeste do país.

O grupo rebelde Exército Arakan (AA, na sigla em inglês) disse que o bombardeamento ocorreu no sábado na cidade de Mrauk-U, no norte de Rakhine, e atingiu um centro que albergava familiares de soldados detidos pelos AA.

Num comunicado, o grupo disse que entre os mortos e feridos estão 21 crianças entre os 2 e os 15 anos e acrescentou que alguns dos feridos estavam em estado grave e hospitalizados, pelo que o número de mortos poderá aumentar.

O Exército Arakan é uma ala militar, bem treinada e bem armada, do movimento da minoria étnica de Rakhine, que procura a autonomia em relação ao governo central de Myanmar.

Um ataque aéreo anterior levado a cabo pelo exército de Myanmar, que fez mais de 40 mortos e feriu 20 pessoas, em 8 de janeiro, levou o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários a manifestar-se "profundamente alarmado" com a escalada de violência em Rakhine.

Recorde-se...

Rakhine, anteriormente conhecida como Arakan, foi palco de uma operação brutal do exército de Myanmar em 2017, que levou cerca de 740 mil muçulmanos da minoria rohingya a procurar segurança no Bangladesh, país que abriga agora mais de um milhão de rohingyas.

O Exército Arakan, que controla há anos várias zonas de Rakhine, disse em meados de dezembro ter assumido o controlo de toda a fronteira entre o Myanmar e o Bangladesh.

O AA é também membro de uma aliança de grupos étnicos armados, que recentemente conquistaram território estratégico no nordeste do país, na fronteira com a China.

Myanmar está a viver uma espiral de violência desde que o exército birmanês derrubou o Governo democraticamente eleito da líder Aung San Suu Kyi, em fevereiro de 2021.

Depois de o exército ter usado força letal para reprimir manifestações pacíficas, muitos opositores do regime militar pegaram em armas e grandes zonas do país estão agora submersas por conflitos.

O governo militar birmanês intensificou os ataques aéreos nos últimos três anos contra grupos armados pró-democracia conhecidos coletivamente como Força de Defesa do Povo e contra movimentos armados de minorias étnicas, que lutam há décadas por uma maior autonomia. Uns e outros realizam por vezes operações conjuntas contra o exército.

- Com Lusa