"Já lá vão muitos anos", afirmou no domingo à noite Beyoncé, referindo-se ao tempo que esperou para receber a 'joia da coroa' dos prémios das mãos do chefe dos bombeiros de Los Angeles, Anthony Marrone.
Este Grammy faz de Beyoncé a primeira mulher negra em 26 anos a ganhar nesta categoria desde Lauryn Hill em 1999 e a sétima artista a ganhar o prémio para um álbum country.
Nomeados para o galardão máximo atribuído pela Academia Nacional de Artes e Ciências de Gravação dos Estados Unidos (mais conhecida por Recording Academy) estavam André 3000 ("New Blue Sun"); Sabrina Carpenter ("Short n' Sweet"); Charli xcx ("brat"); Jacob Collier ("Djesse Vol. 4"); Taylor Swift ("The Tortured Poets Department"); Chappell Roan ("The Rise And Fall Of A Midwest Princess") e Billie Eilish ("Hit Me Hard and Soft").
'COWBOY CARTER', o oitavo álbum da carreira de Beyoncé, é o muito aguardado 'segundo ato' do trabalho "Renaissance", lançado em 2022.
Além de Beyoncé, que contava hoje com 11 nomeações, número que eleva para 99 o total na carreira e faz dela a artista com o maior número de nomeações da história, Kendrick Lamar, com os Grammys para a canção e o disco do ano por "Not Like Us", Shakira, Billie Eilish, Chappell Roan, Doechii, Sabrina Carpenter e Charli xcx pontuaram entre as estrelas da noite, que contou com a presença de Will Smith, Stevie Wonder e Janelle Monáe numa homenagem ao falecido e lendário produtor Quincy Jones .
A cerimónia, conduzida pelo comediante Trevor Noah pela quinta vez consecutiva, foi recheada de recados políticos dirigidos à nova Administração norte-americana em Washington e marcada particularmente pela memória recente das três semanas de incêndios devastadores na Califórnia.
Shakira dedicou o Grammy para melhor álbum pop latino com o seu 12.º álbum de estúdio, 'Las mujeres ya no lloran', à comunidade imigrante nos Estados Unidos, que a nova Administração norte-americana de Donald Trump trouxe novamente para as manchetes em todo o mundo.
"Quero dedicar este prémio a todos os meus irmãos e irmãs imigrantes deste país. Vocês são amados, vocês valem a pena e eu lutarei sempre convosco e com todas as mulheres que trabalham arduamente todos os dias para fazer avançar as suas famílias", disse a cantora.
O regresso de Donald Trump à Casa Branca fica marcado pela promessa da maior deportação de latino-americanos da história em solo norte-americano.
A surpresa da noite foi o cantor californiano Kendrick Lamar, o artista com mais prémios na 67.ª edição dos Grammy Awards ao receber cinco distinções da Recording Academy, com a canção "Not Like Us": em duas das principais categorias, disco do ano e canção do ano, e melhor interpretação rap, melhor canção rap e melhor vídeo musical.
Kendrick Lamar recordou no discurso os incêndios na Califórnia e, em particular, os locais do condado de Los Angeles, que considerou "um verdadeiro testemunho" de que a cidade continuará a ser restaurada coletivamente.
Também aqui uma alusão à ameaça de Donald Trump de condicionar as ajudas federais à recuperação das áreas atingidas no estado democrata.
Lady Gaga e Bruno Mars também homenagearam as vítimas dos incêndios ao interpretarem "California dreamin", uma ode ao Golden State, antes de ganharem o Grammy para melhor atuação em dueto pop por "Die With a Smile".
Gaga aproveitou o microfone para reivindicar os direitos dos transgéneros e o poder da música para unir as pessoas.
Alicia Keys, que recebeu o Grammy pelo impacto global, referiu-se à ordem executiva assinada por Trump sobre o reconhecimento único de dois géneros: masculino e feminino, deixando de lado a comunidade trans.
"Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) não é uma ameaça, mas uma dádiva", disse a cantora de 'Empire State of Mind'.
Taylor Swift saiu de mãos vazias, apesar das seis nomeações para o último álbum "The Tortured Poets Department", tal como Billie Eilish, que era uma das favoritas do ano. A britânica Charli xcx ganhou três Grammys por "brat".
O fenómeno Chappell Roan foi coroado melhor novo artista, numa lista que incluía também Sabrina Carpenter e o rapper Doechii, e numa intervenção poderosa exigiu que as editoras discográficas dignificassem as condições dos artistas emergentes.
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