O primeiro-ministro francês apresentou esta quinta-feira a demissão formal ao Presidente francês, depois de terem estado reunidos cerca de uma hora no Palácio do Eliseu.

O Presidente de França falará à nação ainda hoje, pelas 20:00 horas (19:00 em Lisboa), sendo esperado que anuncie o nome do próximo primeiro-ministro. Isto porque Macron está impedido de convocar novas eleições antes de julho de 2025, uma vez que dissolveu a Assembleia Nacional em junho deste ano.

Os nomes apontados como mais prováveis para suceder a Barnier são Sébastien Lecornu (ministro da Defesa), François Bayrou (antigo candidato presidencial) e Bruno Retailleau (ministro do Interior).

Barnier foi nomeado por Macron a 5 de setembro como solução para o impasse político de quase dois meses após as eleições antecipadas, que deixaram a Assembleia Nacional dividida em três blocos irreconciliáveis.

O Presidente pode também demitir-se, embora não seja esperado que o faça. Nos últimos dias multiplicaram-se os apelos à sua saída, mas Macron tem dito que nunca pensou em deixar o Eliseu antes do final do seu mandato, em 2027.

A moção de censura que fez cair o Executivo francês foi apresentada pela esquerda e conseguiu 331 votos favoráveis, com o apoio da extrema-direita de Marine Le Pen.

Porque caiu o Governo?

A moção de censura ao Governo francês foi anunciada depois de ter sido apresentado o orçamento da Segurança Social para 2025, que o chefe do Executivo francês decidiu adotar sem votação parlamentar.

A decisão do primeiro-ministro Michel Barnier foi tomada após vários dias de negociações com a extrema-direita de Le Pen, a quem fez várias concessões, mas que não convenceu totalmente.

Barnier cedeu em três das quatro "linhas vermelhas" traçadas pela líder da extrema-direita: eliminou um imposto sobre a eletricidade, cortou a ajuda médica aos imigrantes ilegais e manteve os subsídios a vários medicamentos.

No entanto, recusou aplicar a última imposição - o adiamento do aumento das pensões por meio ano para contrariar a inflação.

Nessa altura, Barnier já tinha tomado a decisão de avançar sem votação parlamentar, mesmo que isso colocasse o seu Governo à mercê de uma moção de censura.