O ex-presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva desafiou esta segunda-feira o ex-ministro socialista António Vitorino a colocar-se fora da corrida presidencial se não quiser ser candidato.
"António Vitorino, que é outra das personalidades que poderia candidatar-se com vantagem para todos, se se quiser excluir liminarmente dessa possibilidade, o que eu digo é que começa a ser tempo de o dizer", sustentou Augusto Santos Silva no programa Crossfire, da CNN.
Santos Silva foi, por diversas vezes, questionado sobre a possibilidade de vir a ser candidato a Belém e sobre o que fará caso António Vitorino, um dos nomes apontados na área do PS, decidir não se candidatar às eleições presidenciais de 2026, mas escusou-se a responder.
"As coisas devem ser graduais. Neste momento não é o tempo de apresentação de candidaturas. Começa a ser o tempo de quem recusar liminarmente essa possibilidade o poder dizer", defendeu, mais do que uma vez, ao longo da entrevista.
Marques Mendes e…?
Segundo o socialista, neste momento há um candidato apresentado, que é Luís Marques Mendes, "dois candidatos prometidos e comprometidos", Mariana Leitão e André Ventura, e "duas personalidades que ainda não disseram que eram candidatos, coisa que estão no seu direito, mas que toda a gente pode ver prepararam uma eventual sua candidatura", referindo-se a Gouveia e Melo e António José Seguro.
De acordo com Santos Silva, "dos candidatos e protocandidatos apresentados" nenhum deles garante "as condições, as ideias, o programa, a experiência de que o pais precisa nos próximos anos na Presidência da República". "E, portanto, temos que continuar a procurar e a desafiar outras personalidades", referiu.
O antigo presidente da Assembleia da República referiu que o facto de se poder interessar "sobre a superfície da lua" não significa que quer ser astronauta.
"O facto de eu me pronunciar sobre as qualidades necessárias à Presidência da República não significa nada senão que me interesso por isso. Procurarei contribuir para que seja escolhida uma boa personalidade para esse efeito", assegurou.
Quanto à Comissão Nacional do PS do passado sábado, Santos Silva considerou que esta "avançou na definição do perfil" do candidato presidencial, tendo-se excedido num ponto e reduzido num outro, na sua opinião.
"Reduziu quando retirou as questões europeias e internacionais", apontou, considerando que quem "não cumpre esse requisito" é Marques Mendes.
“Não preciso que o próximo PR seja socialista”
Onde o socialista defendeu que a Comissão Nacional do PS "não devia ter ido tão longe porque o tornou demasiado restritivo" foi quando Pedro Nuno Santos "disse que o candidato devia exprimir a mundividência do PS".
"Eu não preciso que o próximo PR seja socialista (...) mas preciso que seja democrata", apontou, concordando que o PS apoie um candidato às próximas eleições presidenciais.
Já sobre o pedido que foi feito, dentro da reunião de sábado, para que se poupe nas críticas internas, Santos Silva disse não concordar.
"Os partidos democráticos não são monólitos. O facto de o PS estar a discutir com vivacidade e publicamente e estar a comparar perfis, permite que a escolha do apoio a dar seja mais rica", contrapôs.