A versão atualizada da interface de inteligência artificial (IA) generativa ChatGPT da OpenAI permite agora produzir uma imagem inspirada no estilo do famoso criador de filmes de animação japonês Studio Ghibli sem acordo de licenciamento, o que reacende o debate sobre a utilização de conteúdos para desenvolver este software.

Já era possível gerar imagens através do ChatGPT, mas a atualização do modelo em que se baseia a interface permite obter resultados sofisticados, graças a pedidos muito específicos, o que não acontecia anteriormente.

O GPT-4o é diferente das versões iniciais do algoritmo (GPT 3.5, por exemplo, para a primeira versão do ChatGPT) porque pode "raciocinar", ou seja, dividir o pedido em etapas, em vez de produzir um resultado instantâneo.

A última atualização do ChatGPT, colocada online na quarta-feira, oferece também evoluções mais relevantes de uma imagem a partir da discussão com o utilizador.

Atualização ainda não chegou à versão gratuita

A OpenAI tinha inicialmente indicado que o novo modelo estaria disponível para todos os utilizadores do ChatGPT, pagos ou não, mas o responsável da OpenAI, Sam Altman, anunciou um adiamento para a versão gratuita.

“As imagens no ChatGPT são muito mais procuradas do que imaginávamos (e tínhamos grandes expectativas)”, escreveu Altman na quarta-feira no X para justificar este atraso.

Na quinta-feira, vários internautas afirmaram ter visto recusado um pedido que mencionava o Studio Ghibli, com o ChatGPT a invocar uma violação dos regulamentos da OpenAI, que não celebrou acordo de licenciamento com o famoso estúdio.

“Evitamos a criação de conteúdos inspirados especificamente em artistas vivos, mas permitimos isso para o estilo de um estúdio, que é mais amplo”, disse um porta-voz da OpenAI à AFP.
“O nosso objetivo é oferecer aos utilizadores o máximo de liberdade criativa possível”, acrescentou.

Cofundador do Studio Ghibli bastante crítico

O japonês Hayao Miyazaki, cofundador do Studio Ghibli, já foi, no passado, muito crítico em relação à utilização da IA no desenho animado.

“Nunca teria a ideia de integrar esta tecnologia no meu trabalho. Sinceramente, acho que é um insulto à própria vida”, disse num documentário da televisão pública japonesa NHK.

O episódio reacendeu o debate, nas redes sociais, em torno da utilização pelos gigantes da IA generativa de dados, textos, imagens, desenhos, sons ou vídeos sem autorização explícita para desenvolver as suas interfaces.


Com France-Presse