O Presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou hoje que é "inteiramente possível" um ataque ao Irão, se a República Islâmica não desistir do seu programa de armas nucleares, e que Israel lideraria a ofensiva.

"Se tivermos de usar a força, usaremos a força", disse o Presidente dos EUA aos jornalistas na Sala Oval, poucos dias antes das conversações agendadas para este fim de semana entre responsáveis norte-americanos e iranianos no sultanato de Omã, no Médio Oriente.

Em caso de ataque, "Israel vai, naturalmente, estar muito envolvido e vai liderar a ação", acrescentou Trump.

"Mas ninguém nos lidera, nós fazemos o que queremos fazer", ressalvou a propósito do papel dos Estados Unidos.

O Presidente norte-americano disse anteriormente que as conversações com Teerão em Omã seriam "diretas", enquanto o Irão as qualificou de "indiretas".

Washington aplicou hoje novas sanções ao Irão, visando cinco entidades e um indivíduo sedeados no Irão por "apoiarem entidades que gerem ou supervisionam o programa nuclear" de Teerão, de acordo com um comunicado do Departamento do Tesouro dos EUA (equivalente ao Ministério das Finanças).

"A procura imprudente de armas nucleares por parte do regime iraniano continua a ser uma séria ameaça para os Estados Unidos, a estabilidade regional e a segurança global", afirmou o secretário do Tesouro, Scott Bessent, citado no comunicado.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, que recebeu na segunda-feira na Casa Branca o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, surpreendeu ao anunciar no mesmo dia que uma reunião de "alto nível" seria realizada no sábado, apesar de Washington e Teerão não terem relações diplomáticas há 45 anos.

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, há muito que suspeitam que Teerão pretende adquirir armas nucleares. Estas alegações são rejeitadas pela República Islâmica, que defende o seu direito de utilizar a energia nuclear para fins civis, nomeadamente para a produção de eletricidade.

As sanções têm o efeito de congelar quaisquer bens dos indivíduos ou entidades visados nos Estados Unidos e proibir quaisquer transações financeiras com os mesmos.

Durante o primeiro mandato presidencial (2017-2021), Trump retirou os Estados Unidos de um acordo nuclear com o Irão em 2018, três anos depois de ter sido pela administração Barack Obama (2009-2017).

O acordo envolvia também a China, a França, a Rússia, o Reino Unido e a Alemanha.

O pacto limitava o programa nuclear do Irão em troca do levantamento das sanções económicas.

Com a saída do acordo, Trump restabeleceu as sanções contra a República Islâmica.

O Irão e os Estados Unidos não mantêm relações diplomáticas desde 1980, mas trocam informações indiretamente através da embaixada suíça em Teerão, que representa os interesses norte-americanos.

Em Omã, no sábado, está previsto que a delegação de Teerão seja liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, enquanto a delegação norte-americana será chefiada pelo enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

O Presidente do Irão, Mazoud Pezeshkian, voltou hoje a assegurar que Teerão não procura obter uma bomba nuclear.

"Não andamos atrás de uma bomba nuclear", garantiu Pezeshkian, acenando mesmo com a possibilidade de investimento direto norte-americano na República Islâmica, se ambas as partes conseguirem chegar a um acordo.