Demitiram-se 10 cirurgiões do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), na sequência de uma "situação de assédio laboral por parte de dois médicos do serviço", anunciou, em comunicado, esta quarta-feira, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM).
"A grave situação" provocou não só o cancelamento de mais de mil consultas, que, até ao momento, "não têm previsão de nova data", como também "afetou o acompanhamento de doentes oncológicos".
Um dos médicos acusados de assédio laboral é "antigo diretor de serviço", que gerou um "ambiente de instabilidade e limitou o exercício profissional de toda uma equipa", acrescenta o comunicado.
À SIC Notícias, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá, adiantou que a situação "já vem desde 2023" e que os médicos acusados de assédio laboral foram afastados daquela unidade de saúde, sendo posteriormente destacados para uma comissão de serviço noutra unidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Contudo, com o fim do processo de mobilidade, no passado mês de dezembro regressaram à unidade onde terá acontecido o assédio laboral.
Foi derivado a esse regresso que surgiu a onda de demissões entre os profissionais do serviço de cirurgia, explicou Joana Bordado e Sá.
A FNAM referiu que foram feitas várias denúncias, mas que tanto o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora/Sintra, como o Ministério da Saúde "não tiveram qualquer intervenção capaz de resolver o problema".
"Esta saída [de 10 médicos] agrava as dificuldades na fixação de (...) cirurgiões, tornando ainda mais difícil qualquer tentativa de reconstruir a equipa de cirurgia", alerta a FNAM.
A Federação Nacional dos Médicos exige uma "resposta imediata e concreta" por parte do Ministério da Saúde, acusando-o de "desvalorizar" situações de denúncias de assédio laboral no Serviço Nacional de Saúde.