O árbitro João Pinheiro considerou esta quarta-feira que é "impossível terminar com o erro" no ajuizamento de jogos de futebol, apesar de o vídeo-árbitro (VAR) salvaguardar falhas da equipa de arbitragem no relvado, garantindo "mais justiça" à modalidade.

Homenageado pela Associação de Futebol (AF) de Braga pela promoção à categoria Elite de árbitros da UEFA, consumada em 1 de janeiro de 2025, o 'juiz' de 37 anos frisou que os árbitros portugueses dispõem de boas condições de trabalho e treinam muito para não errar, mas disse não haver "equipa no mundo que tenha perfeição no que faz".

"A Federação Portuguesa de Futebol tem feito um trabalho excelente. Tem-nos dado meios fantásticos para trabalharmos. Dá-nos excelentes condições para arbitrar, mas é impossível terminar com o erro. Por muito que treinemos e tentemos estar na mesma linha, é impossível", disse, à margem da homenagem.

Acabar com o VAR "seria retroceder”

Ligado à arbitragem desde 22 de março de 2003, João Pinheiro estreou-se na I Liga portuguesa em 20 de setembro de 2015, no Académica - Boavista (0--2), e defendeu que a introdução do VAR, na temporada 2017/18, ajudou a reduzir o erro e rejeitou que o recente pedido de clubes da Noruega para abdicar da ferramenta se possa generalizar.

"O VAR veio para ficar. [Acabar com ele] Seria retroceder no sentido de alguns erros que tínhamos. Sinto-me muito mais salvaguardado com VAR. Há situações humanamente impossíveis que o videoárbitro vai resolvendo, mas não resolve todas, e acho que nunca vai conseguir", esclareceu.

Porta da transparência (cada vez mais) aberta

Convencido de que o VAR dá "mais justiça e verdade ao futebol", nomeadamente em situações de fora-de-jogo, o árbitro natural de Barcelos admitiu que as pessoas responsáveis pela ferramenta também cometem erros, aliás assumidos na divulgação dos áudios dos jogos, pelo vice-presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), João Ferreira.

"A arbitragem tem cada vez mais aberta a porta da transparência. Temos diversos lances em que admitimos que os árbitros cometem erros. Há breves dias, um foi meu. Não há problema, porque temos de ter capacidade para assumir que erramos. Cada vez mais temos feito isso", vincou.

João Pinheiro salientou que os árbitros não devem ser "imunes à crítica", desde que "feita de uma maneira respeitosa", e defendeu que, em Portugal, "há cada vez menos 'ataques" à imagem de cada árbitro, devido ao trabalho da FPF para aproximar 'juízes' e clubes, num paradigma de "cada vez mais respeito".

O membro da categoria Elite da UEFA reconheceu, porém, que nenhum árbitro principal gosta de ser chamado pelo VAR, porque é sinal de um possível erro.

"O ideal é fazer uma arbitragem sem erros. No nosso trabalho, ninguém gosta de ser chamado à atenção porque cometeu um erro. O nosso objetivo é evitá-los", assinalou.