
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, afirmou esta quinta-feira, durante a inauguração das Unidades Elvira e Lucena da Casa de Saúde São João de Deus, no Funchal, que a sustentabilidade do sistema de saúde é essencial para garantir a coesão social e a qualidade dos cuidados prestados à população.
No discurso proferido na cerimónia, Albuquerque destacou o papel fundamental dos profissionais e voluntários da instituição, agradecendo o “trabalho maravilhoso” desenvolvido em prol da saúde mental na Região. Sublinhou ainda a importância do voluntariado como “pilar essencial das sociedades modernas”.
O governante alertou para o crescimento contínuo dos custos na área da saúde, impulsionado pelo avanço tecnológico, pelas novas terapêuticas e pela maior longevidade dos doentes. Como exemplo, referiu o aumento de 170% no custo dos medicamentos oncológicos nos últimos sete anos e os investimentos em tecnologia de ponta, como o novo robô cirúrgico adquirido pela Região.
Miguel Albuquerque defendeu que o Estado deve manter o investimento no Serviço Regional de Saúde, mas com uma gestão responsável e sustentável. Alertou para o risco de criação de um sistema de saúde dual, no qual os cidadãos com maiores rendimentos recorram ao privado, com melhores recursos e tratamentos, enquanto os mais desfavorecidos fiquem limitados a um serviço público com menor capacidade de resposta. “Isso seria inaceitável”, frisou, referindo que tal realidade comprometeria a igualdade no acesso à saúde e a esperança média de vida.
Advertiu também para as mudanças geopolíticas em curso e os seus possíveis impactos nos fundos europeus destinados às áreas sociais, nomeadamente o PRR e os fundos de coesão. Face a este cenário, apelou a uma utilização criteriosa dos recursos disponíveis, elogiando a gestão rigorosa da Casa de Saúde São João de Deus.
Na presença das secretárias com as tutelas da Saúde e da Inclusão, Micaela Freitas e Paula Margarido, respectivamente, num tom informal, Albuquerque concluiu com referências pessoais e bem-humoradas, afirmando ter desenvolvido ao longo dos anos uma “surdez selectiva” e “capacidade de ver apenas o que quer ver”, arrancando sorrisos da assistência.
A cerimónia contou com a presença de profissionais de saúde, representantes institucionais e membros da comunidade.