A caravana da AD teve hoje arroz como prato principal ao almoço, no décimo dia da campanha eleitoral que ficou marcado pela troca de palavras entre os partidos de esquerda sobre as soluções de governabilidade.

O tema foi lançado pelo porta-voz do Livre, que nesta campanha eleitoral para legislativas de domingo tem feito apelos diretos ao Partido Socialista sobre um acordo e repetido várias vezes que o partido tem a ambição e a capacidade de assumir cargos executivos.

Hoje em Constância, no distrito de Santarém, Rui Tavares criticou o líder do PS por ter mais tática do que estratégia ao querer manter todas as opções em aberto e não dizer claramente o que quer fazer depois das eleições.

Em resposta, o secretário-geral do PCP desvalorizou os argumentos do Livre e do PS, que acusou de andarem a "fazer apelos uns aos outros", e afirmou que a CDU nunca falhou "às soluções concretas para a vida das pessoas".

"A nossa história fala por nós. Nós alguma vez falhámos às soluções concretas para a vida das pessoas? Eu até diria assim: Se todos fizessem como o PCP e a CDU fizeram sempre, a vida de cada um estaria muito melhor", disse Paulo Raimundo, durante uma arruada em Benfica, em Lisboa.

Também a coordenadora nacional do BE afirmou que não basta à esquerda dizer que quer ir para o Governo, é preciso ter um programa concreto, e rejeitou que a sobrevivência do partido esteja em causa nestas eleições.

"O programa da esquerda não pode ser ir para o Governo, porque depois perguntam-nos, 'ok, e chegando ao Governo vão fazer o quê?' Não basta chegar ao Governo, é preciso dizer às pessoas o que é que vamos fazer. E é por isso que estamos aqui a falar sobre habitação", afirmou Mariana Mortágua, que esteve numa iniciativa de campanha na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa.

Já o secretário-geral socialista sublinhou, na Amadora, que os partidos à esquerda "trabalharam bem" conjuntamente no passado, mas que agora o PS precisa de ganhar as eleições e construir uma solução governativa estável com o parlamento que sair das legislativas.

"O que é importante é que nós já tivemos a oportunidade de trabalhar no passado e trabalhámos bem, mas neste momento o Partido Socialista precisa de ganhar as eleições", respondeu aos jornalistas Pedro Nuno Santos.

À direita os liberais continuam a falar sobre uma coligação com a AD (PSD/CDS-PP), tendo o líder da Iniciativa Liberal garantido, numa visita à Lisnave, em Setúbal, que será "muito exigente" quanto a questões programáticas mas também éticas em caso de acordo pós-eleitoral com a AD.

Rui Rocha prometeu ainda exigir as explicações que considerar adequadas a Luís Montenegro.

Em Tavira, no distrito de Faro, o líder do Chega admitiu pela primeira vez que a vitória da AD nas legislativas de domingo "é uma possibilidade em cima da mesa" e antecipou que os eleitores darão uma "maioria absolutíssima" à direita, com o seu partido.

"Se Luís Montenegro vencer, que é uma possibilidade que está em cima da mesa, se Luís Montenegro vencer, nós não teremos estabilidade nos próximos meses em Portugal", advertiu André Ventura, que desde o início da campanha eleitoral se tem mostrado convicto de que o seu partido vai ser o mais votado.

O presidente do PSD almoçou em Benavente (Santarém) com agricultores e o arroz foi o prato principal. Luís Montenegro aproveitou para defender um equilíbrio entre agricultura e ambiente, considerando os agricultores "os maiores defensores" dos animais.

No mesmo almaço esteve o secretário de Estado da Agricultura que classificou o primeiro-ministro como o "grande timoneiro" da reconciliação do Governo com os agricultores, alegando que colocou o setor primário como prioridade.

Em Setúbal, a porta-voz do PAN afirmou que o presidente do PSD revelou "profunda ignorância" e "desconhecimento profundo da realidade" ao defender que os agricultores são os "maiores defensores do ambiente e animais".