A natureza do povo português é generosa, para nós portugueses é ponto de honra “saber receber” em nossa casa. Somos pessoas muito preocupadas com tudo que impacte no bem-estar dos outros, mas também “super” focados em compreender muito bem a sua vida, (apenas e só no sentido de “ajudar”), porque é da natureza da nossa alma ser “generosa e altruísta”. Neste sentido, reconheço que “dar ao outro” é catártico, porque é algo que nos está no sangue (mesmo que os outros não necessitem de nada).

Quero ilustrar a “nossa generosidade coletiva” com recurso a alguns casos práticos:

  1. Somos profundamente tementes a Nossa Senhora de Fátima, logo é o nosso dever ajudar os outros, mesmo quando ninguém nos pede nada;
  2. Participamos ativamente em campanhas de solidariedade social, “não perdemos” uma única campanha do Banco Alimentar Contra a Fome (afinal, não acontece só aos outros);
  3. Temos um “gosto natural” por “dar um bom conselho”, mesmo que não nos peçam, mas somos tão generosos e só queremos ajudar e
  4. 4) se percebemos que alguém está a evoluir e a “ter coisas melhores que as minhas”, tenho de imediato que explorar para compreender de onde vem a fonte de riqueza. Tudo isto sempre no sentido de alavancar o dever moral que nos é conferido por um ser superior, e por sermos concomitantemente fiéis ao nosso desígnio de “ajudar os outros”.

Gosto de recorrer à ironia, enquanto figura retórica, para dizer exatamente o contrário daquilo que desejo expressar porque já percebemos (todos) que por vezes a natureza da nossa alma generosa e altruísta, não é nada nobre e adoece as outras pessoas, que são alvo da suposta “ajuda”. Porque infelizmente, somos movidos por sentimentos menos positivos, como a inveja (que é um dos pecados capitais). Sob uma capa falsa de “ajuda” muitas vezes minamos, sabotamos e levamos aqueles que se esforçam e provam ser merecedores dos louros a duvidar de si. Fazemo-lo frequentemente sob falsos pretextos: 1) de que “é só a minha opinião de amiga”, 2) “quero apenas ajudar”, 3) “achas, que vai correr bem?”, 4) “não achas que vai ser muito difícil para ti que não estás preparado porque és novo ou és mulher ou não és líder?”. Acredito, que sim! É sempre muito difícil contrariar todos os sentimentos negativos e as dúvidas que estes sorvedores de energias nos colocam. Mas, sempre para nos ajudar (não se esqueçam)!

A verdade é que todos nós poderíamos ser Pessoas muito melhores, ser realmente cuidadores para sermos efetivamente felizes. Poderíamos todos vibrar com as conquistas um dos outros por mais pequenas que fossem e, sermos verdadeiramente “servos do Senhor”. Estaríamos mais atentos ao sofrimento das “outras” Pessoas, estaríamos disponíveis para apoiar e compreender que todas as nossas ações, sejam elas quais forem (na esfera privada ou organizacional), têm impacto na vida das outras pessoas! Esses impactos podem alavancar os seus níveis de bem-estar e de saúde mental, ou podem contribuir de forma determinante para adensar os níveis de stress e ansiedade que podem culminar em estados de: depressão ou Síndrome de Burnout ou a evoluir para outras patologias do fórum mental. Só através de uma verdadeira mudança de mind set, podemos alavancar os níveis de saúde mental e impedir que esta epidemia continue a proliferar e, a fazer vítimas.

Em suma, acredito que a natureza humana é realmente boa e generosa porque temos múltiplos exemplos disso, mas é necessário despertar em Nós bons sentimentos, para não perder a batalha pelo Direito à Saúde Mental. Devemos ser Seres Humanos que agregam valor a outros Seres Humanos (como nós) e, que despertam a melhor versão nos outros! Quero terminar com uma reflexão que li (sabe lá Deus, onde): “as pessoas gostam de te ver bem, só não suportam é ver-te melhor que elas” (autor desconhecido). Sejamos todos os dias da nossa vida, a exceção! Amém.